Auto-retrato com chapéu de palha, depois de 1782
Elisabeth Vigée-Lebrun (França, 1755-1842)
óleo sobre tela, 97 x 70 cm
National Galllery of Art, Londres
Descompasso: a imagem do espelho não é a que sinto cá dentro. Não que seja outra, mas assim, cara a cara, somos só duas. Onde estão as outras? Trago em mim todas as mulheres que sou e que já fui. E a semente das que serei no futuro.
Rebelde era o rótulo familiar da auto-afirmação. Hoje, em caminho próprio, já não pareço indócil. Ao contrário. Poucos percebem na maneira afável e no sorriso largo, a robusta determinação de que sou feita. Auto-contida, satisfaço-me comigo mesma por um longo tempo. Sou impaciente, mas aprendi a me controlar. Só os íntimos conhecem os sinais da ansiedade, companheira das madrugadas insones.
Os cabelos louro-escuro e revoltos, companheiros de infância, continuam a desafiar restrições; os olhos azul-acinzentados, facetados como um caleidoscópio, ainda são míopes. O riso fácil não cascateia mais com tanta freqüência. Não sou sentimental e não gosto de me expor. Sou reservada, até comigo mesma. Há uma esfinge que me questiona no auto-retrato, ainda preciso adivinhar o seu enigma.
©LadyceWest, Rio de Janeiro, 2014
DIA 1 — Autoretrato





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Que texto maravilhoso!!! To encantada parabéns!!!
Beijos!
http://umlivroqueeunaoli.wordpress.com/
Obrigada! 🙂
Puxa! Muito obrigada!
Sensacionais, o auto retrato e o texto belíssimo!
Obrigada Lenah, você é sempre uma incentivadora… beijinhos