Pedro Weingärtner (Brasil, 1853 – 1929)
óleo sobre tela
Coleção Particular
“Os dançantes continuavam no compasso marcial da polaca, executando variadas figuras, ora desenhando meias-luas, ora separando-se em alas, marchando frente a frente, ora fazendo evoluções de homens e mulheres, separados, para se reunirem depois de diferentes voltas. Os movimentos eram tardos e pesados; dentro de sapatos grossos e ferrados, batendo fortemente os pés no assoalho, arrastando-se com esforço, faziam um barulho seco, enorme, que dominava as vozes dos instrumentos. Quando a contradança parava, os pares voltavam-se num mesmo instante como por uma combinação mágica, e todos livres se moviam vagarosamente, procurando os bancos encostados às paredes das salas ou aos cantos das janelas. Muitos saíam até ao terreiro, para se refrescar; namorados passeavam ali no escuro, abraçados; velhos fumavam o seu cachimbo, resmungando conversas preguiçosas, até que de novo a música dava o sinal e todos voltavam à sala, em ordem, sem o menor embaraço, passando a dançar automaticamente, de charuto ou cachimbo ao queixo e chapéus na cabeça, enquanto as mulheres amarravam lenços ao pescoço, por causa do suor que lhes escorria da fronte.”
Em: Canaã, Graça Aranha, 1902, em domínio público.
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