O algodão, poema de Sabino de Campos

2 05 2014

BIANCO, Enrico (1918) Vista da janela para colheita de algodão,Óleo sobre madeira industrializada - 40 x 60. Assinado e datado 1999 cid e versoVista da janela para colheita de algodão, 1999

Enrico Bianco (Itália,1918 — Brasil, 2013)

óleo sobre madeira, 40 x 60 cm

O Algodão

Sabino de Campos

Foi há cinco mil anos, mais ou menos,

Que o algodão apareceu na China,

Para vestir os grandes e pequenos,

Como um favor da branca lei divina.

Os tempos vão passando entre os venenos

Da ostentação na sociedade fina,

Como o linho e a lã — de flóculos amenos —

E a seda que reluz, treme e fascina.

Surgem velas alvíssimas nos longes

Do oceano… O linho alveja nos altares.

A lã se esgarça no burel dos monges.

E a Vida, na utilíssima expressão,

Percorre a terra inteira, céus e mares,

Celebrando a vitória do algodão!

Rio, 2-12-1946

Em: Natureza: versos, Sabino de Campos, Rio de Janeiro, Pongetti: 1960, p. 105


Ações

Information

Deixe um comentário