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Virgínia Lloyd-Davies (EUA, contemporânea)
aquarela, 45 x 69 cm
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Nas asas das horas
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Olegário Mariano
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As asas das horas passam ligeiras
Como andorinhas riscando o ar…
Ruídos de penas de aves viajeiras
Que as minhas penas vêm aumentar.
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Porque no vôo do tempo a vida
Passa com as horas, de braços dados.
Quanta poesia mal compreendida!
Quantos amores mal compensados!
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E as horas passam levando a vida
Como andorinhas nos céus nublados.
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E os rios passam levando a vida…
Tudo que corre, tudo que voa,
O vento… as águas… E, na corrida,
Quanto castelo no ar se esboroa,
Quanta esperança desiludida!
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E pelos ares, angustiado
Coro de vozes longe ressoa:
“Tempo maldito! Tempo apressado!
Ventos bravios! Águas correntes!
Não corram tanto! Vão devagar!…”
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E as andorinhas indiferentes
Passam ligeiras, riscando o ar…
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Em: Toda uma vida de poesia: poesias completas, volume II (1932-1955), Olegário Mariano, Rio de Janeiro, José Olympio: 1957, pp: 552-553






