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Cartão postal com ilustração de Margret Boriss.
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A chuva
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Bastos Tigre
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— Mamãe! Que chuvinha enjoada!
Me deixou toda molhada,
Sapato, roupa e chapéu!
Não serve mesmo pra nada
Esta água que cai do céu…
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— Não digas tal, minha filha:
A chuva é uma maravilha
Pois ela molhando o chão,
Faz crescer a couve, a ervilha,
O arroz, o milho, o feijão.
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A chuva, molhando a terra,
Cobre de flores a serra,
Amadurece o pomar,
E a semente que se enterra
A chuva é que faz brotar.
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Por isso é que a chuva é boa
E a terra seca a abençoa…
— Sim, Mamãe, compreendo bem.
Mas por que é que a chuva, à toa,
Cai nas calçadas também?
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Em: Antologia Poética de Bastos Tigre, Bastos Tigre, 2 volumes, Rio de Janeiro, Francisco Alves: 1982, 1º volume, p. 241.




