–
–
Renato Guttuso (Itália, 1911-1987)
têmpera, óleo e jornal sobre tela, 220 x 249 cm
Tate Gallery, Londres
–
A questão lançada pela FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) para o resto do ano: qual é o ponto de equilíbrio entre o debate literário e a política?
Com Graciliano Ramos homenageado seria impossível deixar de falar de política em Paraty. Além disso, as demonstrações nas ruas do Brasil durante a Copa das Confederações fizeram-se lógicos assuntos de conversa. Mas ter a política como assunto predominante na feira foge do que há de melhor nesse encontro, que é a celebração da arte literária. Concordo com John Bainville. Quando questionado sobre a política e a literatura foi claro ao afirmar que “Não dá pra misturar arte e política, porque acaba saindo arte política e política ruim“.
É claro que todos que queiram usar suas habilidades artísticas a serviço da política têm o direito de se manifestar dessa forma, mas em geral, a arte com mensagem política ou social, raramente chega a ser de boa qualidade. E frequentemente perde o frescor e a originalidade. Em literatura, a política torna o texto fugaz, com data de validade.
E a pergunta continua válida: haverá mesmo a necessidade de se saber o que um romancista pensa da política? De que lado político ele vê o mundo? Não acredito nisso. A obra deve se sustentar por si só. Boa ou ruim, liberal ou conservadora, marxista ou capitalista. Não importa, o que fica é a obra.






Deixe um comentário