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Memórias 1
Anônimo, trabalho folclórico
Óleo sobre tela, 50 x 60 cm
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“Josephine desligou e seguiu titubeando até a varanda. Tinha o hábito de se refugiar ali. Da varanda, podia contemplar as estrelas. Interpretava cada cintilação,cada passagem de uma estrela cadente como um sinal de que estava sendo ouvida, de que o céu velava por ela. Naquela noite, ajoelhou-se no cimento, juntou as mãos e, erguendo os olhos para o céu, recitou uma prece:
— Estrelas, por favor, façam com que eu não fique mais sozinha, façam com que não seja mais tão pobre, façam com que não receba mais tantos ataques. Estou cansada, tão cansada… Estrelas, não se faz nada de bom sozinha e estou tão sozinha. Estrelas, concedam-me paz e força interior, concedam-me aquele que espero em segredo. Tanto faz que ele seja rico ou pobre, bonito ou feio, jovem ou velho, de qualquer altura, eu amo igual. Concedam-me um homem que me ame e que eu ame. Se for triste, eu o farei rir; se duvidar eu lhe darei segurança; se precisar lutar, estarei a seu lado. Não estou pedindo o impossível, só peço um homem, simplesmente um homem, porque no fim das contas, estrelas, o amor é a maior das riquezas… O amor que se dá é o amor que se recebe. É essa riqueza, sem ela eu não posso viver…
Inclinou a cabeça para o chão de cimento e se deixou levar por uma prece infinita.”
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Em: Os olhos amarelos dos crocodilos, Katherine Pancol, Rio de Janeiro, Suma das Letras:2012, p.148.







