Cantigas — poesia de Jorge de Lima

9 11 2012

Lavadeiras no Rio Piabanha em Petrópolis, s/d

Carlos Gomes (Brasil, 1934-1990)

óleo sobre tela, 56 x 48 cm

Cantigas

Jorge de Lima

As cantigas lavam a roupa das lavadeiras.

As cantigas são tão bonitas, que as lavadeiras

ficam tão tristes, tão pensativas!

As cantigas tangem os bois dos boiadeiros!

Os bois são morosos, a carga é tão grande!

O caminho é tão comprido que não tem fim.

As cantigas são leves…

E as cantigas levam os bois, batem a roupa

das lavadeiras.

As almas negras pesam tanto, são

tão sujas como a roupa, pesadas

como os bois…

As cantigas são tão boas…

Lavam as almas dos pecadores!

Levam as almas dos pecadores!

Em: Poesia Brasileira para a Infância, de Cassiano Nunes e Mário da Silva Brito, São Paulo, Saraiva: 1968

Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, AL, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor brasileiro.

Obras:

Poesia:

XIV Alexandrinos (1914)

O Mundo do Menino Impossível (1925)

Poemas (1927)

Novos Poemas (1929)

O acendedor de lampiões (1932)

Tempo e Eternidade (1935)

A Túnica Inconsútil (1938)

Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)

Poemas Negros (1947)

Livro de Sonetos (1949)

Obra Poética (1950)

Invenção de Orfeu (1952)

Romance:

O anjo (1934)

Calunga (1935)

A mulher obscura (1939)

Guerra dentro do beco (1950)


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