A Boneca — poesia de Presciliana Duarte de Almeida

30 10 2012

Bonecas, ilustração de Maud Taub.

A Boneca

    A Bemvinda Feitosa

Que boneca tão bonita
Aquela que ontem ganhei!
Pus-lhe um vestido de chita,
Que eu mesma fiz e cortei.

Seu cabelinho é tão louro
Como cabelo de milho.
Minha boneca é um tesouro,
Tem sapatos e espartilho!

Vou lhe fazer uma cama,
Vou lhe bordar um lençol,
Para tão mimosa dama
Farei fronhas de molmol.

Depois, para o batizado,
Hei de arranjar uma festa:
Um altar muito enfeitado,
Em meio de uma floresta…

Convidarei as amigas
Com quem costumo brincar,
E muito lindas cantigas
Hei de com elas cantar.

Há de haver presunto e bala,
Sorvete para a madrinha,
E desse dia de gala
Minha boneca é a rainha!

Presciliana Duarte de Almeida

Presciliana Duarte de Almeida (MG, 1867 – SP, 1944) Pseudônimo: Perpétua do Valle. Nascida numa família literária, Presciliana era prima de Júlia Lopes de Almeida e Adelina Lopes Vieira.  Vai para São Paulo depois do casamento, onde funda, em 1889, a revista feminista A Mensageira – revista literária dedicada à mulher brasileira.  Colabora na revista Educação, em 1902, e na revista A Alvorada,  em 1909. Participa da fundação da Academia Paulista de Letras em 1909 onde ocupa a cadeira nº 8, escolhendo a poetisa Bárbara Heliodora, sua trisavó, como patrona. Morreu aos 77 anos, em São Paulo, em 1944.

Obras:

Rumorejos, 1890

Sombras, 1906

Páginas Infantis, 1908

O Livro das Aves, 1914

Vetiver, 1939


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