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Ferdinand Heilbuth ( França, 1828-1889)
óleo sobre tela, 32 x 40 cm
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Então, J.K. Rowling lançará seu primeiro romance para adultos em setembro deste ano e ele já está prometido para chegar às nossas livrarias, traduzido, o mais rápido possível de preferência antes do Natal, pela editora Nova Fronteira. Há grande expectativa de sucesso. Será que ela conseguirá fazer de leitores adultos um grupo tão fiel quanto conseguiu ter com os leitores adolescentes? Essa notícia estampada nos jornais da semana me levou a considerar o que faz um romance ter sucesso? O que faz um romance ser um best seller? Será que a fórmula para agradar a adolescentes seria diferente da fórmula para adultos?
Muitos já se preocuparam como o assunto, mas o professor de literatura James W. Hall conseguiu encontrar 12 pontos que todos os best-sellers têm em comum, a lista e sua discussão estão bem elaboradas no livro Hit Lit: Cracking the Code of the Twentieth Century’a Biggest Bestsellers. A lista se refere aos best sellers nos Estados Unidos. Entre as descobertas estão algumas que até parecem óbvias demais e que nos fazem questionar se realmente prestamos atenção quando nos envolvemos na leitura de um best-seller. Por exemplo, seguem 3 pontos quase óbvios, depois que pensamos sobre o assunto:
1) todos os heróis dos grandes sucessos de vendas em livros do século XX, são personagens que passam muito pouco tempo pensando, são heróis de ação, do quais sabemos muito pouco de seus passados, só o estritamente essencial, sem grande profundidade nas suas complexidades emocionais.
2) os personagens principais estão em geral envolvidos em questões sociais que são o tópico “quente” da época em que esses livros são publicados, tais como racismo, sexo e política. Vejamos os exemplos: O sol é para todos de Harper Lee, ou E o vento levou de Margaret Mitchell com o tópico de racismo em primeiro plano. O vale das bonecas de Jacqueline Susann é o exemplo do sexo como assunto “quente” de época, enquanto que A caçada ao outubro vermelho de Tom Clancy, seria um excelente exemplo do tópico de preocupação política na época de sua publicação.
3) as histórias principais dos best-selles podem ser resumidas em poucas palavras, são histórias cujo “problema” a ser resolvido é relativamente simples, mas que estão sempre colocados num ambiente bastante complexo, envolvidas no tecido social cujo tópico é de interesse no momento, como descrito acima.
Para quem pretende escrever um best-seller este é um livro que pode ajudar.






Ladyce,
Como em toda fórmula ou receita, usar os ingredientes certos e em quantidades acertadas, também na literatura, garante o sucesso no resultado?!
1) Para cada protagonista, um antagonista à altura. Ademais, o ato de pensar e o tempo que um herói de best-seller gastaria pensando tende a entediar o leitor (de best-seller). Mais seguro concentrar o ritmo 1-2, 1-2, 1-2, em cenas de ação; nesse caso, 1 = ação e 2 = reação (em ação, rs.)
2) Sim, a trama precisa da alternância problema-solução, problema-solução e os best-sellers elevam a carga dramática ao máximo, pois é o conflito que impulsiona o romance; assim como os desejos do protagonista prendem a atenção do leitor (de best-seller), que é nesse momento apresentado a personagens menores: os obstáculos. Como não encaixar Cinderela nessa fórmula? 3) Cinderela quer ir ao baile. Cinderela é pobre. Cinderela se depara com a maldade da madastra. A fada madrinha ajuda Cinderela. Cinderela consegue se casar com o príncipe. Oh, que best-seller!
Não sei quais os outros pontos comuns aos best-sellers listados pelo professor em questão, mas há no mercado, especialmente norte-americano, diversos autores que se dedicam ao tema e que suspostamente ajudam novos escritores a escrever livros de sucesso; essa “auto-ajuda” literária está se tornando best-seller…
Abraço, da Nanci: leitora de não best-sellers.
Nanci, obrigada por sua reação clara, irônica e de grande lucidez à postagem.
É impressionante como quase tudo pode se transformar num livro de auto-auda nos EUA. O que é surpreendente, mesmo quando se sabe que uma das razões é que há 265.000.000 de pessoas alfabetizadas, das quais uma parte, mesmo que seja pequena é leitora, o que quer dizer uma das maiores populações de leitores do mundo.
Eu e você temos em comum o fato de não lermos best-sellers. Francamente não consigo me interessar, apesar de conhecer muita gente, que lê outras literaturas e que também lê bestsellers. Fato que sempre me leva a pensar que estou perdendo uma oportunidade de me divertir… Ultimamente, no entanto, tenho fracassado nas minhas escolhas para leitura de não bestsellers (na nova ortografia essa palavra deixa de ter o hífen? — isso me deixa louca!)neste mês de maio já deixei de lado 5 livros. 5 livros que não conseguiram seduzir a minha atenção, que não conseguiram me fazer esquecer das minhas obrigações e que me deixaram por isso mesmo muito frustrada.
Passei para o inglês e no momento, estou atracada com o Night of Many Dreams, da autora Gail Tsukiyama, [tenho a impressão de que não foi traduzida], que me havia sido recomendado faz muito tempo. Estou gostando, finalmente, um livro em que estou aprendendo sobre Hong Kong na época da Segunda Guerra Mundial, minha ignorância sobre o assunto era tal que eu não sabia que o Japão havia invadido Hong Kong e que os ingleses não reagiram — pelo menos até onde estou na trama. Taí, levei 5 livros para chegar a um que eu pudesse ler… Não, o mar não está para peixe. Obrigada Nanci pela sua reação.