Galo, ilustração de Artus Scheiner (1863-1938)
—-
—-
O galo
—-
Francisca Júlia
—–
—-
Passo lento, olhar profundo,
Valente, brioso e grave,
O galo é a mais linda ave
Dentre todas que há no mundo.
—-
Um pé adiante, outro atrás,
Bico aberto, o galo canta;
Tem a glória na garganta
E nas esporas que traz.
—–
O galo é sempre o primeiro
A anunciar a s auroras.
Repara bem: tem esporas
E é por isso cavaleiro.
—–
Coroa tem e de lei,
Coroa em forma de crista
Que ganhou numa conquista:
Por isso julga-se rei.
—–
Pendentes até o peito,
Vermelhas, grandes e belas,
Tem barbas que são barbelas
Que lhe dão muito respeito.
—–
Com que delicado amor
Ele defende e acarinha
Ora o pinto, ora a galinha
Com seu gesto protetor!
—-
De cabeça levantada,
Altivo sobre o poleiro,
Ele é o rei do galinheiro
E o cantor da madrugada.
—–
Vivem todos sob a lei
E ordens que o galo decreta:
Soldado, músico e poeta,
Pastor, cavaleiro e rei!
—-
—-
Francisca Júlia da Silva Munster (SP 1871 – SP 1920) Poetisa brasileira. Começou a colaborar na imprensa paulistana e carioca aos 20 anos. Na revista A Semana, alcança rápido prestígio literário. Casou-se em 1909, recolhendo-se à vida particular e praticamente abandonando a atividade literária.
Obras:
1895 – Mármores
1899 – Livro da Infância
1903 – Esfinges
1908 – A Feitiçaria Sob o Ponto de Vista Científico (discurso)
1912 – Alma Infantil (com Júlio César da Silva)
1921 – Esfinges – 2º ed. (ampliada)







Deixe um comentário