A grande árvore, 1942
Chaim Soutine ( Ucrânia, 1893 – França, 1943)
Óleo sobre tela, 99 x 75 cm
Museu de Arte de São Paulo
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QUEM POUPA AS ÁRVORES ENCONTRA TESOUROS
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Antônio Feliciano de Castilho
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O vizinho Milão, que hoje é tão rico,
Não tinha mais que uma árvore, e de terra
Só quanto aquela sombra lhe cobria.
— “Corta-a, Milão, diziam-lhe os pastores.
Alegras teu campinho e terás lenha
Para aquecer a choça um meio inverno.”
— “Eu! Respondia o triste, eu pôr machado
Na boa da minha árvore? primeiro
Me falte lume alheio o inverno todo,
Que eu mate a que a meu pai já dava sestas;
A que de meu avô me foi mandada,
Que a mão pôs para si; e a que nos braços
Me embalou tanta vez sendo menino.
Os deuses a existência lhe dilatem
Que assim lhe quero eu muito, e o meu campinho
Produza o que puder, que eu sou contente.”
Sorriam-se os pastores; o carvalho
Cada vez mais as sombras estendia,
E Milão de ano em ano ia a mais pobre.
Lembrou-se um dia em bem, que uma videira
Plantada a par com o tronco, o enfeitaria,
E os cachos pendurados pela copa
Lhe dariam também sua vindima:
E eis que ao abrir a cova, acha um tesouro!
Desde então ficou rico, e diz-me sempre,
Que os deuses imortais lh’o hão dado o prêmio,
Por amar suas árvores. É ele
Quem m’as ensina amar, são dele os versos,
Com que ao bosque de Pã cantei louvores.
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Em: Apologia da árvore, de Leonam de Azeredo Penna, Rio de Janeiro, IBDF [Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal]:1973 – antologia dedicada às escolas do Brasil.
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António Feliciano de Castilho ( Portugal, 1800 – 1875) — primeiro visconde de Castilho, foi um escritor romântico português, polemista e pedagogo, inventor do Método Castilho de leitura. Em consequência de sarampo perdeu a visão quase completamente aos 6 anos de idade. Licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra. Viveu alguns anos em Ponta Delgada, Açores, onde exerceu uma grande influência entre a intelectualidade local. Contra ele se rebelou Antero de Quental (entre outros jovens estudantes coimbrões) na célebre polêmica do Bom-Senso e Bom-Gosto, vulgarmente chamada de Questão Coimbrã, que opôs os jovens representantes do realismo e do naturalismo aos vetustos defensores do ultra-romantismo.
Obras:
A Chave do Enigma (eBook)
Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz (eBook)
O presbyterio da montanha (eBook)