Ilustração de um quadro de Donald Zolan.
—
—
Cantiga de ninar
—
Décio Valente
—
—
Cai a chuva no telhado,
chuva boa, criadeira;
cai e corre, corre e pinga,
pinga e bate a noite inteira.
—
Bate, bate, pingo-d’água,
vai batendo pelo chão,
tique, taque, tique, taque,
como faz o coração.
—
Bate, chuva, de mansinho,
nos caixilhos da janela;
vai ninando esta criança,
pedacinho meu e dela…
—
Bate, chuva, vai batendo,
bate, bate, sem parar;
quero ouvir, a noite toda,
o teu canto de ninar.
—
—
Em: Cantigas simples, Décio Valente, São Paulo: 1971.
—
—
Décio Valente, nasceu em Capivari, SP.
—
Obras:
Anedotas e contos humorísticos, 1955
Cenas humorísticas, 1955
Cantigas simples, 1963
Seleta filosófica, 1964
Pensamentos e reflexões, 1966
Vida e obra de Euclides da Cunha, 1966
Coisas que acontecem…, 1969
Do medíocre ao ridículo, s/d
Ramalhete de trovas, 1977
O plágio, 1986





