Ilustração, Maurício de Sousa.
—
—
A borboleta azul
—
Faustino Nascimento
—
—
De uma clareira à borda da floresta,
Que o sol transforma em rútila vinheta,
Toda de azul, como quem vai à festa,
Passa, bailando, a linda borboleta.
—
Uma ninfa, talvez, fugindo à sesta,
Em busca de algum Pan, deusa faceta,
Toda beleza e graça manifesta,
Voejando, entre uma rosa e uma violeta.
—
Não tenta conquistar as altitudes,
Transpor abismos e vencer taludes,
Pois nasceu borboleta e não condor…
—
É que ela busca apenas a quem ama,
E despreza a riqueza, a glória e a fama,
Pois tem tudo na terra, tendo o amor…
—
—
Em: Antologia Poética, Faustino Nascimento, Rio de Janeiro, Freitas Bastos: 1960, p.103.
—
—
—-
Antônio Faustino Nascimento (Missão Velha, CE, 1901-) advogado, magistrado, escritor, poeta, ensaísta, jornalista, tradutor. Em Fortaleza, fundou a revista Argus.
Obras
Juvenília, poesia, 1927
As Cosmogonias, ensaio, 1929
Paisagens sonoras, poesia, 1937
Ritmos do novo continente, poesia, 1939, 1943
Elogio do amor e da ilusão, poesia, 1941
Cantos da paz e da guerra, poesia, 1943
O refúgio sublime, poesia, 1945
Exortação, soneto em cinco idiomas, 1949
O sonho do fauno, poesia, 1950
Cântico ao nordeste, poesia, 1954
Caminhos do Infinito, poesia, 1956
A fonte de Afrodite, poesia, 1958
A Alvorada, cântico a Brasília, 1958
Antologia poética, 1960
A vida, o amor e a ilusão, poesia, 1962
A terra de Israel, ensaios, 1967
Oriente e ocidente, história, 1973






