Batucada, 1935
Armando Vianna (Brasil, 1897 – 1992)
óleo sobre tela, 37 x 46 cm
Lundu de Dona Sinhá
Wilson W. Rodrigues
Tanta brancura na pele,
tanta negrura nos olhos,
tanta risada sonora
no mundo não há
fora do colo macio,
dos olhos tão envolventes,
da boquinha tão vermelha
de dona Sinhá.
Pegar com jeito no leque,
fazer mesura na valsa,
dizer adeus com o lenço
no mundo não há
como o jeito delicado,
o sapatinho de seda,
a mãozinha tão alva
de dona Sinhá.
Rezar, na igreja, sonhando,
dizer “não”, sempre sorrindo,
prometer tanto em silêncio
no mundo não há
como a reza mais sincera,
os lábios enganadores
e as promessas escondidas
de dona Sinhá.
Fingir chilique de choro,
zombar do próprio marido
e trair o próprio amante
no mundo não há
como as lágrimas fingidas,
os carinhos mentirosos
e os amores levianos
de dona Sinhá.
Em: Bahia Flor: poemas, Wilson W. Rodrigues, Rio de Janeiro, Editora Publicitan: 1949, pp. 51-55
Wilson Woodrow Rodrigues (São Salvador, BA, 1916 – ?), poeta, jornalista, folcorista, escritor, professor.
Obras
A caveirinha do preá, s/d
Desnovelando, s/d
O galo da campina,s/d
O pintainho, s/d
Por que a onça ficou pintada, s/d
A rãzinha,s/d
Três potes, s/d
O bicho-folha,s/d
A carapuça vermelha,s/d
Bahia flor, poesia, (1949)
Folclore Coreográfico do Brasil, (1953)
Contos, s/d
Contos do Rei-sol, s/d
Contos dos caminhos, s/d
Pai João, (1952)
Sombra de Deus, s/d
Lendas do Brasil, s/d






