David Larson Evans (EUA, contemporâneo)
óleo sobre placa, 25 x 20 cm
“Certo dia, quando Kit tinha dez anos, uma visitante cortou os pulsos na cozinha.”
Hilary Mantel em Mudança de Clima, Rio de Janeiro, Record, 1997. Frase da introdução.
David Larson Evans (EUA, contemporâneo)
óleo sobre placa, 25 x 20 cm
Hilary Mantel em Mudança de Clima, Rio de Janeiro, Record, 1997. Frase da introdução.
Hilary Mantel em Mudança de Clima, Rio de Janeiro, Record, 1997. Primeira Frase, primeiro capítulo.
Torres da Ponte de Londres, 1895
Litografia
“Eles estão indo à igreja. O avô vai mostrar-lhe os anjos no teto e o Mercador de Swaffham esculpido na lateral de um banco e o cachorro do mercador, com suas orelhas redondas e uma longa coleira.
O Mercador de Swaffham: John Chapman era o seu nome. Uma noite ele sonhou que, se fosse para Londres e ficasse na Ponte de Londres, conheceria um homem que lhe diria como enriquecer.
No dia seguinte a esse sonho, Chapman pegou suas coisas e seguiu para Londres com seu cachorro. E ficou andando de um lado para o outro na Ponte de Londres, até que um lojista lhe perguntou o que estava fazendo ali.
— Eu estou aqui por causa de um sonho — respondeu o mercador.
— Sonho? — admirou-se o lojista — Se eu acreditasse em sonhos estaria em algum lugar do interior chamado Saffham, no jardim de um caipira chamado Chapman, cavando embaixo do seu estúpido pé de pera — completou ele, com um olhar de desprezo, e voltou para dentro da loja.
John Chapman e seu cachorro retornaram a Swaffham e cavaram embaixo da pereira. Lá, encontraram um pote de ouro. Em volta do pote estava escrito: “Embaixo deste pote existe outro duas vezes maior.” O mercador começou a cavar novamente e encontrou outro pote; e então sua fortuna estava feita.
John Chapman doou castiçais à igreja, reconstruiu a nave do lado norte quando esta caiu e contribuiu com 120 libras para a construção do campanário. Sua mulher Cateryne e seu cachorro estão esculpidos nas laterais dos bancos, a mulher com um rosário e o cachorro com a coleira. John Chapman tornou-se sacristão, a passou a usar uma toga de arminho.”
Em: Mudança de Clima, de Hilary Mantel, tradução de Maria dos Anjos Santos Rouch, Rio de Janerio, Record: 1997, pp.70-71