Moça com véu, 1949
João Fahrion (Brasil, 1898 -1970)
óleo sobre tela
Esse perfume
Emiliano Perneta
Esse perfume — sândalo e verbenas —
De tua pele de maçã madura,
Sorvi-o quando, ó deusa das morenas!
Por mim roçaste a cabeleira escura.
Mas ó perfídia negra das hienas!
Sabes que o teu perfume é uma loucura:
— E o concedes; que é um tóxico: e envenenas
Com uma tão rara e singular doçura!
Quando o aspirei — minhas mãos nas tuas —
Bateu-me o coração como se fora
Fundir-se lírio das espáduas nuas!
Foi-me um gozo cruel, áspero e curto…
Ó requintada, ó sábia pecadora,
Mestra no amor das sensações de um furto!
Em: 101 Poetas Paranaenses: V.1 (1844 -1959) – antologia de escritas poéticas do século XIX ao século XXI, seleção e apresentação de Ademir Demarchi, Curitiba, Biblioteca Pública do Paraná: 2014, p.35