“Leque aberto” de Raquel Naveira

18 07 2023

Delicioso livro de ensaios, crônicas, uma ou outra poesia, páginas que como um leque se abrem aos nossos olhos e encantam.  Não há assunto que não possa ser abordado e a variedade é grande.  Vamos abrindo esse leque de considerações sobre a adolescência, por exemplo, engatilhada pela visão da ativista Greta Thunberg em Nova York; vamos do prazer de um bom banho ao quadro As Banhistas de Paul Cézanne e aos de Monet.  De ciganos e uma breve estadia no hospital por um fêmur quebrado, somos guiados a considerações sobre enfermagem, Ana Néri ou ao livro Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë, não sem antes, ela nos levar à ópera Carmen de Bizet.  Cada uma de suas divagações e considerações enriquece o leitor.  Verdadeiro presente, flanar com Raquel Naveira pelos labirintos da cultura;  um passeio que liga o que somos ao mundo exterior e ao imaginário.

 

Até ler este livro, só conhecia Raquel Naveira por suas poesias.  Casa e Castelo foi o primeiro de seus livros que li, e me encantou, depois veio Casa de Tecla e mais tarde Abadia. Raquel tem voz própria na poesia e um encantamento adicional para mim: é amante das artes plásticas. Muitos de seus poemas e outros escritos mencionam obras de arte que a impactaram.  Sua escrita é acessível e rica.  Seus temas variados seduzem o leitor.  Recomendo a leitura sem restrições.





Comedores de batatas, texto de Raquel Naveira

29 06 2023

Comedores de Batatas, 1885

Vincent van Gogh (Holanda, 1853-1890)

óleo sobre tela 82 x 114 cm

Museu Van Gogh, Amsterdã

 

 

 

“Que quadro impressionante é o Comedores de Batatas, de van Gogh. Usando uma paleta de cores escuras como preto, marrom e ocre, retratou uma cena do cotidiano camponês medieval, com sua miséria, escassez, falta de recursos.  A mesa rústica, a chama trêmula de um lampião que ilumina as faces de crianças rudes, sôfregas, interrogativas. As mãos grosseiras da mulher partindo os pedaços. Escreveu o artista em carta ao seu irmão Théo que se aplicara conscientemente em dar a ideia de que essas pessoas que comem as batatas com as mãos, também lavraram a terra. Que o trabalho manual, árduo, trouxe-lhes a nutrição honesta. E assim, entre goles de café nas canecas e bocados de massa, a luta se desenvolve, sofrida e fraterna.”

 

Em: Leque Aberto, Raquel Naveira, Guaratinguetá, SP, Penalux: 2020, pp, 153-4;





Lendo: “Romancista como vocação”, Haruki Murakami

13 01 2018

 

 

DSC03717ROMANCISTA COMO VOCAÇÃO

Haruki Murakami

Alfagura: 2017, 168 páginas

 

SINOPSE

“Haruki Murakami é um dos mais conhecidos autores contemporâneos do Japão. Quando seus livros são lançados, a imprensa noticia filas enormes nas livrarias de Tóquio e traduções para mais de quarenta idiomas. Ícone da escrita fluida, Murakami transita bem em diversos estilos narrativos: ficção, ensaio, reportagem, nada parece estar fora de seu talento literário. Para abarcar toda essa multiplicidade, chega agora Romancista como vocação, uma série de proposições sobre a escrita, a literatura e a vida pessoal do recluso escritor. Escrito na linguagem acessível típica de Murakami, este livro é um convite a todos que desejam habitar o mundo dos romancistas, bem como uma declaração de amor ao ato da escrita.”





O papel do comércio, Francis Bacon

29 07 2017

 

 

Doceria Anton_Pieck_BakkerijDoceria, ilustração de Anton Pieck.

 

 

“Os comerciantes são a veia porta do corpo da nação. Quando não ocorre florescimento comercial, embora o corpo tenha membros fortes, o sistema circulatório carecerá de sangue e o corpo como um todo apresentará pouca resistência: haverá subnutrição. Impor taxas e tributos sobre essa classe raramente produz  proveitosos do ponto de vista da realeza porque aquilo que o rei pode ganhar sobre uma centena de indivíduos perde no país inteiro que empobrece, porque a massa dos impostos só é possível de crescer proporcionalmente à massa de fundos empregados no comércio.”

 

Em: Da soberania e Da arte de comandar, Francis Bacon, Ensaios, tradução Edson Bini, São Paulo, Edipro: 2015, 2ª edição, p.73