Cartão postal, anos 20, séc. XX.
Carta-soneto
Célia de Cássia
“Escrevo-te pra dizer-te”, meu amor,
que minhas já não são as tuas cartas.
De folheá-las — velhas, já sem cor —
as minhas mãos nunca ficaram fartas!
As tuas cartas! Doces e amargas…
Luar iluminando com fulgor
a minha escura estrada! Portas largas,
abrindo pra jardins plenos de flor!
Vão publicá-las. Dei-as de presente
(perdoa, amado, essas ideias loucas
que a meu viver já deram mil escolhos…)
Quero, dando-as a ler a toda gente,
que o amor que morreu em nossas bocas
possa ressuscitar em outros olhos…
Célia de Cássia (MG, 1909-?)





