Na rotunda
Francine van Hove (França, 1942)
óleo sobre tela, 50 x 65 cm
XXVII
Tite de Lemos
Nem tomes por virtude o que é defeito,
floreios de poetas amestrados,
nem tenhas por humano o que é perfeito,
coisa de heróis e deuses aplicados.
Deve ser que não levo muito jeito
ou quando pense certo faça errado
e ande torto julgando andar direito,
sujeito cego atrás do objeto amado.
Persigo a brevidade de um instante
que toda eternidade contivesse:
nisso me acho e nisso estou perdido
com desvelo tão quieto e tão constante
que vivê-lo, mais nada, me envaidece
e até nem cuido ser correspondido.
Em: Caderno de sonetos, Tite de Lemos, Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 1988. p. 63






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