Peixes, 1961
Newton Rezende (Brasil, 1912-1994)
óleo sobre madeira, 30 x 35 cm
Natureza morta, 1960
Emiliano Di Cavalcanti (Brasil, 1897- 1976)
óleo sobre tela, 48 x 64 cm
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Naturezas mortas com peixes, crustáceos, frutos do mar não são comuns na arte brasileira do século XX. Nem são comuns, tampouco, telas em que apareçam animais de caça tais como perdizes, coelhos, ou qualquer outro animal que possa fazer parte da próxima ceia. Esses já foram mais comuns no final do século XIX e início do século XX.
Pintores brasileiros que sistematicamente apresentam frutos do mar e peixes em suas naturezas mortas são poucos e parecem ser, de fato, aqueles que moram ou passaram algum tempo em cidades praianas.
Grande parte dos pintores franceses do século XIX, até mesmo os impressionistas conhecidos pela leveza de seus temas pintaram naturezas mortas com animais. E é claro nos séculos anteriores, principalmente no século XVII no norte da Europa o tema da comida, da caça, da pesca, das frutas e pães era orgulhosamente mostrado nas casas de famílias de posse. A abundância da comida nos dias de hoje, deve ser em parte responsável pelo declínio de temas como caça e pesca nas naturezas mortas. Pois até o século XIX, aqui no Brasil também víamos telas representando a possibilidade de uma bela refeição. Há além disso as sensibilidades aguçadas dos dias de hoje. Como poucos passam fome e certamente quem compra uma tela não passa fome, podem dar-se ao luxo de serem incapazes de imaginar um animal morto que será devorada em algumas horas depois de cozido, como um tema próprio para o embelezamento de uma sala de jantar. Tradição que vem, ao que se saiba no mundo ocidental, desde os afrescos romanos, e quem sabe na Grécia antiga. Os tempos mudam, os hábitos mudam. E vemos através da arte nossa evolução na Terra.






