Mário de Andrade, 1935
Cândido Portinari (Brasil, 1903-1962)
nanquim sobre papel, 17 x 11 cm
Mário de Andrade, 1935
Cândido Portinari (Brasil, 1903-1962)
nanquim sobre papel, 17 x 11 cm
Olegário Mariano
Quando à noite olho o céu desta larga janela,
Vejo através da talagarça da neblina,
Uma estrela infantil, inquieta e pequenina,
Que, por ser infantil, me parece mais bela.
Ora se esconde, ora ressurge, ora se inclina,
Aumentando o esplendor da sua cidadela.
Devo a Deus que me pôs em contato com ela,
O espírito do céu nessa graça divina.
E pergunto a mim mesmo, extasiado de vê-la:
Quem viverá no corpo ideal daquela estrela?
Quem nela se encarnou? Que destino era o seu?
Será o Amor que aquele ponto de ouro encerra?
Ou a Saudade que põe os olhos sobre a terra,
Por não poder voltar à terra onde nasceu?
Em: Toda uma vida de poesia — poesias completas, Olegário Mariano, Rio de Janeiro, José Olympio: 1957, volume 2 (1932-1955), p. 450.
A Leitura no jardim, c. 1950
André Lhote (França, 1885 – 1962)
Guache sobre papel, 36 x 46 cm.



