O acaso sempre ensina…

23 10 2022

Adoro o acaso.  Sempre aprendo por onde o acaso me leva.  Domingo, já próximo do fim do ano, pensei  nos meus cadernos ou jornais de 2023.  Sim, tenho e mantenho alguns.  Recebi de presente de uma amiga um belíssimo livro de páginas em branco, que ela encadernou.  Recebi de outra amiga, na mesma ocasião, diversas ilustrações de pequeno tamanho, para que eu usasse neste journaling book.  Uma terceira amiga, me deu um porta copos de cerâmica, feito por ela, porque sabe que gosto de tomar chá ou café enquanto leio.  Elas três haviam combinado, é óbvio, depois de verem o que poucas pessoas conhecem: meu caderno de anotações literárias que mostra por onde andei e em que lugar li aquela frase especial, aquela passagem sem  igual.

Meu caderno de frases ou trechos de leituras. Este é o de 2022, já está no finalzinho. Este caderno foi presente de minha sobrinha Anna Paula no Natal passado.

Pois, sim, parece uma coisa antiga, não é mesmo?   Coisa do Século XIX.  Mas é muito útil.  Este blog segue em grande parte este espírito de anotar aquilo que acho interessante, é um Commonplace Book Digital, que já tem quatorze anos seguidos de anotações!  Mas na internet as coisas desaparecem.  Ando com vontade de imprimir em separado todas as passagens que já coloquei aqui.  São muitos anos de postagens.  Isso tudo começou quando eu tinha oito anos.  E minha avó materna, vovó Albina, me deu de presente de primeira comunhão um caderno, com capa dura, onde era para eu colocar poesias de que gostasse.  Havia um incentivo: eu poderia escrever com caneta a tinta para transpor as poesias.  Até então eu só usava lápis.  Daí para frente, tornou-se um hábito.  Nem sempre bem mantido durante a adolescência, um período em que li muito, muito mesmo, mas anotei pouco.  Mas tornou-se um hábito.  Recentemente recuperei de caixas de guardados alguns desses cadernos.  Uns dos anos 80.  Outros dos anos 90.  Posso sempre dizer quando andava atarefada, porque eles passam a ter anotações esparsas, mas tenho certeza que os livros lidos, naquela época de papel, têm muita coisa sublinhada e anotada nas margens.

O livro de poesias qua ganhei aos 8 anos e mantive até os 12 anos. Eu adorava POESIAS, escrito em dourado na capa.
Aqui quatro dos livros de leituras, com o primeiro bem em cima.

Para cada novo caderno, dou uma decoração especial, na capa interior.  Aquela imagem lá em cima, da capa da revista Colliers, de julho de 1929, só a imagem, vai para a primeira página do caderno de anotações de 2023.  Cada novo caderno merece uma repaginada na diagramação.  É uma bobagem dirão muitos, mas acredito que esses cuidados me ajudam a lembrar de trechos e passagens do que leio. 

Fiquei muito curiosa de saber o que aquela jovem no trem lia enquanto todos os senhores permaneciam sentados escondidos atrás de seus jornais.  Falta de cavalheirismo!  Em 1929!  O título do livro que ela lê, talvez tivesse algo a ver com essa falta de gentileza dos homens no trem.  Acho que teve.  Chama-se When knighthood was in flower [Quando o cavalheirismo florescia] Ironia…  Mas será que esse livro existia ou será que foi um título inventado para a ocasião?

Sim, publicado em 1898

Trata-se de um grande best-seller, um romance histórico. Foca no caso de amor entre Mary Tudor, irmã mais nova de Henrique VIII e um homem comum, sem nobreza, Charles Brandon.  Não dá sorte:  ela é obrigada a casar na corte francesa, por arranjo prévio de Henrique VIII com Luís XII da França.  Interessante notar que este livro foi o primeiro romance de Charles Major, que o publicou sob pseudônimo: Edwin Caskoden.  Provavelmente querendo se proteger caso a publicação fosse um desastre.

E ainda, este romance, foi tão popular que três anos após sua publicação ainda estava na lista dos mais vendidos, de acordo com o  The New York Times.  E ele fomentou, por causa do sucesso que obteve, uma verdadeira febre de romances históricos. Foi transformado em filme, em peça de teatro.  Teve uma longa vida, e ainda se encontra à venda caso vocês se interessem.  Um dia talvez eu tenha tempo  para ler.   Mas gostei de refletir nas atividades deste domingo.  Serendipidade é a palavra que vem à mente: o descobrir de coisas novas ao acaso.  Com isso, não comecei ainda o planejamento do meu livro de livros de 2023.  Temos ainda alguns fins de semana pela frente.

©Ladyce West, 2022, Rio de Janeiro





Em casa: Gallo Manuela

23 10 2022

Bom dia

Gallo Manuela (Itália, contemporânea)

Acrílica sobre tela, 80 x 80 cm