Santa Ágata
Diana de Rosa* (Nápoles, 1602-1643)
óleo sobre tela, 61 x 52 cm
*chamada Anella de Massimo
Santa Ágata
Diana de Rosa* (Nápoles, 1602-1643)
óleo sobre tela, 61 x 52 cm
*chamada Anella de Massimo
Helena Lima
Era uma vez a Lua.
Ela tinha medo do escuro.
Era uma vez o Céu.
Ele também tinha medo do escuro.
A Lua pedia emprestada a luz do Sol.
Ele emprestava, às vezes.
O Céu pedia para a Lua acender.
Ela acendia quando podia.
Se o Sol estivesse de bom humor,
a Lua ganhava luminosidade em trezentos e sessenta graus.
Mas quando o mar não estava para peixes e o Sol não estava para estrelas,
não emprestava nada.
Nadinha.
E o Céu ficava escuro.
Escurinho.
A Lua sentia calafrios.
O Céu sentia solidão.
O medo da Lua era de cair e morrer no mar.
O medo do Céu era de fechar e não voltar a clarear.
Um dia, Céu e Lua decidiram:
“Pra acabar com o escuro e a solidão, a gente vai se casar”.
Desde então, os dois passam o dia inteirinho
contando os minutos para o Sol se retirar.
Em: Amores virados pra cá, Helena Lima e Isabelle Borges, Rio de Janeiro, Lago Baikal: 2019, p. 130


