Andorinha, poesia de Olegário Mariano

28 04 2021
Andorinha

Olegário Mariano

 

A frescura do céu baixou com a tarde calma,

Penetrou pouco a pouco os meus sentidos… Vejo

Em cada boca estuar a volúpia de um beijo,

Arder em cada corpo a chama do desejo

E um frêmito passar vibrando de alma em alma…

 

Voa, chilreando, louca, uma inquieta andorinha.

Cruza o céu, desce  à tona azul da água apressada,

Pousa num fio telegráfico da rua.

— Dá-me um pouco de sol! Eu que não tenho nada,

Preciso de aquecer a minh’alma na tua.

     Andorinha!  Andorinha!

Tens em meu coração tua melhor morada…

Mas és de outro e afinal bem podias ser minha!

 

 

Em: Toda uma vida de poesia — poesias completas, Olegário Mariano, Rio de Janeiro, José Olympio: 1957, volume 2 (1932-1955), p. 433.


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