Picasso e Lichtenstein

5 01 2021

Mulher com chapéu de flores, 1963

Roy Lichtenstein (EUA, 1923 -1997)

Magna* sobre tela, 127 x 101 cm

Coleção Particular

 

 

Oscar Wilde é autor da frase, “A imitação é a forma mais sincera de adulação que a mediocridade pode render à excelência” [“Imitation is the sincerest form of flattery that mediocrity can pay to greatness.”].  A cópia, e com ela a reinterpretação de uma obra de arte, é tradição nas escolas de belas artes, modo de se aprender técnica, uso de cores, composição, resolução do espaço observando os grandes mestres. Para pintores, por exemplo, há também a possibilidade de verem-se encaixados na tradição de um mestre.  Desde os tempos nas guildas que aprende-se a pintar, a fazer a mistura de pigmentos, a usar diferentes pinceis ou técnicas.  Ninguém poderia exercer a profissão de pintor se não tivesse passado alguns anos como aprendiz de algum mestre, reconhecido pela guilda. 

Para nós apreciadores das artes plásticas é sempre interessante ver que obras de arte foram escolhidas por um artista para serem copiadas.  Às vezes é surpreendente as conexões entre artistas de diferentes gerações.

 

Dora Maar com gato, 1941

Pablo Picasso (Espanha, 1881-1973)

óleo sobre tela, 128 x 95 cm

 

Roy Litchenstein, artista americano trabalhando na segunda metade do século passado, escolheu algumas obras de Pablo Picasso.   Mulher com chapéu de flores, 1963, é baseado no retrato Dora Maar com gato, 1941, por Pablo Picasso como vemos acima e abaixo:

 

Outra tela de Lichenstein baseada em Picasso é Reflexões no Interior com moça desenhando, 1990, que reconfigura a tela de Picasso de 1935, Interior com moça desenhando.

Reflexões no Interior com moça lendo, 1990

Roy Lichtenstein (EUA, 1923 -1997)

Magna* sobre tela, 191 x 274 cm

The Broad, Los Angeles

 

 

Interior com moça desenhando, 1935

Pablo Picasso (Espanha, 1881 – 1973)

óleo sobre tela, 130 x 195 cm

MOMA, Nova York

 

São as Reflexões, dele, Lichenstein sobre a tela de Picasso?  Ou estaria ele assumindo que a moça desenhando está na verdade fazendo um autorretrato olhando para sua imagem num espelho, na tela de Picasso?  A interpretação está aberta ao espectador.

Mais curioso ainda, é ver Mulher da Argel, 1963 momento em que Roy Lichenstein fez uma releitura da obra de Picasso, Mulher da Argel, 1954, obra (uma série de quinze telas) que já era releitura do quadro de Delacroix Mulheres da Argel em seu apartamento, 1834.

Mulher da Argélia, 1963

Roy Lichtenstein (EUA, 1923 -1997)

óleo sobre tela, 203 x 172 cm

The Broad, Los Angeles

Mulheres da Argélia, 1954

Pablo Picasso (Espanha, 1881 – 1973)

óleo sobre tela, 114  x 196 cm

 

 

Mulheres da Argel em seu apartamento, 1834

Eugène Delacroix (França, 1798 – 1963)

óleo sobre tela, 180 x 229 cm

Louvre