Mãe, poema de Stella Leonardos

22 12 2020

Maternidade

Aurélio d’Alincourt (Brasil, 1919 – 1990)

óleo sobre placa, 41x 33 cm

 

Mãe

 

Stella Leonardos

 

Tudo que há na fonte pura

Vem da mina de onde brota

E do fundo da espessura

Nasce a sombra de uma grota.

Todo verdor de uma planta

Deve à terra seu verdor.

Todo pássaro que canta

Herdou raça de cantor.

Qualquer gesto bom que eu tenha,

Toda vez que eu ficar triste,

Todo sonho que me venha,

Tudo que em mim houve e existe

Será teu, Mãe. Porque és água,

Pedra e chão, rama e raiz

De meu mundo: quer na mágoa

Quer no momento feliz.

 

Em: Pedra no Lago, Stella Leonardos, Rio de Janeiro, Livraria São José:1956, p. 45