Dona Mariana Carlota, texto de Paulo Setúbal

6 08 2020

 

647px-Condessa_de_BelmonteD. Mariana Carlota Verna de Magalhães, Condessa de Belmonte

Pintura Anônima, século XIX

 

 

“D. Mariana Carlota Verna de Magalhães era a mulher daquele Verna de Magalhães, Conde de Belmonte, que viera de Portugal contra a fuga de D. João VI. Tiveram ambos, na corte do rei bonacheirão, destaque brilhante.  Verna de Magalhães pertencia àquela  velha escola de cortesãos rigidamente protocolares. Não é de admirar, portanto, ter sido a etiqueta que o matasse.  Como?

Rezava-se, certa vez, grande missa em ação de graças pelo restabelecimento de D. Pedro, já então imperador.  Verna de Magalhães, ardia em febre.  Mas o cortesão, ao saber da missa, não vacilou: ergueu-se, meteu a casaca de riço verde, espremeu o pescoço num colarinho de palmo, tocou-se para a igreja a fim de assistir à missa. Estavam no momento mais grave. O padre erguia o cálice.  Todos ajoelhados. Eis que, de repente, estronda áspero baque. O povo alvoroça-se Que foi? Isto: Verna de Magalhães desabara  no chão. E desabara por quê? Fulminado por súbita apoplexia cerebral.

Está visto que D. Pedro, desde esse desastre, tomou sob a sua alta proteção a viúva do cortesão perfeito.

A senhora Verna Magalhães, condessa de Belmonte, passou a ter na corte de D. Pedro I o mesmo relevo fúlgido que tivera na corte de D. João VI.

 

***

Acontece que a condessa era linda. Lindíssima! Todos os contemporâneos falam da boniteza dela. Foi tida, sem discrepância, como a  mulher mais fascinante da corte.

D. Pedro cobiçou-a.  E para D. Pedro, quando cobiçava uma mulher, não havia estorvos. A história com ele era sumária: ver e realizar.  Com D. Mariana, porém, fracassaram os atrevimentos do Imperador….”

 

Em: ‘Dona Mariana Carlota’, Ensaios históricos, Paulo Setúbal, São Paulo, Saraiva: 1950, páginas 9 – 10.

 





Imagem de leitura — George Howard

6 08 2020

 

 

George Howard (GB) a family reading

Leitura em família, 1905

George Howard (GB, 1843 – 1911)

aquarela