D. Mariana Carlota Verna de Magalhães, Condessa de Belmonte
Pintura Anônima, século XIX
“D. Mariana Carlota Verna de Magalhães era a mulher daquele Verna de Magalhães, Conde de Belmonte, que viera de Portugal contra a fuga de D. João VI. Tiveram ambos, na corte do rei bonacheirão, destaque brilhante. Verna de Magalhães pertencia àquela velha escola de cortesãos rigidamente protocolares. Não é de admirar, portanto, ter sido a etiqueta que o matasse. Como?
Rezava-se, certa vez, grande missa em ação de graças pelo restabelecimento de D. Pedro, já então imperador. Verna de Magalhães, ardia em febre. Mas o cortesão, ao saber da missa, não vacilou: ergueu-se, meteu a casaca de riço verde, espremeu o pescoço num colarinho de palmo, tocou-se para a igreja a fim de assistir à missa. Estavam no momento mais grave. O padre erguia o cálice. Todos ajoelhados. Eis que, de repente, estronda áspero baque. O povo alvoroça-se Que foi? Isto: Verna de Magalhães desabara no chão. E desabara por quê? Fulminado por súbita apoplexia cerebral.
Está visto que D. Pedro, desde esse desastre, tomou sob a sua alta proteção a viúva do cortesão perfeito.
A senhora Verna Magalhães, condessa de Belmonte, passou a ter na corte de D. Pedro I o mesmo relevo fúlgido que tivera na corte de D. João VI.
***
Acontece que a condessa era linda. Lindíssima! Todos os contemporâneos falam da boniteza dela. Foi tida, sem discrepância, como a mulher mais fascinante da corte.
D. Pedro cobiçou-a. E para D. Pedro, quando cobiçava uma mulher, não havia estorvos. A história com ele era sumária: ver e realizar. Com D. Mariana, porém, fracassaram os atrevimentos do Imperador….”
Em: ‘Dona Mariana Carlota’, Ensaios históricos, Paulo Setúbal, São Paulo, Saraiva: 1950, páginas 9 – 10.





