Resenha: “Cerejas de maio”, Judy Botler

20 07 2020

 

 

NIVOULIÉS DE PIERREFORT, Marie,Menina,óleo s tela colada em madeira, 92 x 72 cmMenina

Marie Nivouliés de Pierrefort (França-Brasil, 1879 – 1968)

óleo sobre tela colada em madeira, 92 x 72 cm

 

 

Dentre os livros que abordam a perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial há uma pequena parte dedicada a memórias dos sobreviventes.  Cerejas de maio, de Judy Botler, é um deles.  Trata-se da biografia de sua mãe, Ellen, cuja peregrinação por diversos lugares que a abrigaram durante a guerra era desconhecida da autora até recentemente.  O que faz este livro mais alegre do que muitos é que acaba bem, acaba muito bem com a menina Ellen no Rio de Janeiro, rodeada por parentes próximos, tias e avó e,  portanto, com a oportunidade de crescer acolhida dentro dos seus, mesmo tendo perdido pais e um irmão no processo.

 

cerejas de maio

 

Passando por diferentes cidades na fuga, na adoção e em abrigos Ellen, membro da família Grünebaum, que se dispersa durante a guerra, encontra refúgio sob identidade falsa na Bélgica, até que, por insistência de seus parentes, principalmente da avó, que havia imigrado para o Brasil, a menina é encontrada e trazida para o seio familiar.  Mas a história não se limita à menina.  Aprendemos também como outros membros da família se desdobram para permanecer vivos, sobreviverem e imigrarem.  É uma janela sobre um período desastroso que traz luz a muito do dia a dia daqueles em fuga. Convivendo com perigo, disfarçada por falsa identidade e troca de religião,  Ellen é uma verdadeira heroína. Do modo como sua aventura está relatada neste livro, tudo parece pronto para um documentário ou até mesmo um filme em que peripécias perigosas levam a um final feliz.

 

Judy-Botler-II-150x150Judy Botler

 

Fartamente documentada a história da pequena Ellen é repleta de charme.  Contada por ela e em algumas notas por sua filha, a médica endocrinologista, carioca Judy Botler neste livro torna-se uma narrativa que não deveria ser ignorada por documentaristas de cinema ou até mesmo diretores à procura de um bom enredo. Definitivamente um livro encantador que, apesar de tratar dos grandes traumas e das vicissitudes cotidianas do período da Segunda Guerra Mundial, ele nos dá também esperança.  Esperança de dias melhores.

Recomendo não só aos que se dedicam à memória daqueles desaparecidos no Holocausto, como aos que gostariam de saber como, por quem e por quais heróis é formada a população brasileira.

 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.


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2 responses

20 07 2020
Avatar de Letícia Alves Letícia Alves

Já na fila! Obrigada por compartilhar!

4 06 2023
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

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