Auto-retrato, 1795
Louis-Léopold Boilly (França, 1761-1845)
óleo sobre tela
Museu de Belas Artes de Lille
Auto-retrato, 1795
Louis-Léopold Boilly (França, 1761-1845)
óleo sobre tela
Museu de Belas Artes de Lille
À janela
Laurits Tuxen (Dinamarca, 1853-1927)
óleo sobre tela
Reynaldo Valinho Alvarez
Da janela, na chuva, alguém procura
achar sua alma irmã na noite escura,
Na tuba enferrujada, desafina
o músico esquecido numa esquina.
O incêndio esconde o palco todo em fumo
e o mágico, aturdido, perde o rumo.
Entre gavião e pombo, uma vidraça
frustra o golpe mortal e se estilhaça.
As ondas que se quebram contra o dique
refluem sobre si e vão a pique.
Se a parábola volta, é que, na certa,
não a colheu a mente astuta e alerta.
A carta, na garrafa que se alaga,
o mar a lê, a leva, lava e apaga.
O canto do poeta é coisa vã
se o sol canta por si, toda manhã.
Em: A faca pelo fio: poemas reunidos, Reynaldo Valinho Alvarez, Rio de Janeiro, Imago: 1999, p.11
