Eu, pintor: Louis-Léopold Boilly

13 07 2020

 

 

 

Auto-retrato, 1795, Louis-Léopeold Boilly (França, 1761-1845) ost, Museu de Belas Artes de LilleAuto-retrato, 1795

Louis-Léopold Boilly (França, 1761-1845)

óleo sobre tela

Museu de Belas Artes de Lille





Pórtico, poesia de Reynaldo Valinho Alvarez

13 07 2020

 

 

 

Laurits Tuxen (1853-1927)À janela

Laurits Tuxen (Dinamarca, 1853-1927)

óleo sobre tela

 

 

Se não se vê no início uma alvorada,
o fim de um livro é a porta para o nada.

 

Pórtico

 

Reynaldo Valinho Alvarez

 

Da janela, na chuva, alguém procura

achar sua alma irmã na noite escura,

Na tuba enferrujada, desafina

o músico esquecido numa esquina.

O incêndio esconde o palco todo em fumo

e o mágico, aturdido, perde o rumo.

Entre gavião e pombo, uma vidraça

frustra o golpe mortal e se estilhaça.

As ondas que se quebram contra o dique

refluem sobre si e vão a pique.

Se a parábola volta, é que, na certa,

não a colheu a mente astuta e alerta.

A carta, na garrafa que se alaga,

o mar a lê, a leva, lava e apaga.

 

 

O canto do poeta é coisa vã

se o sol canta por si, toda manhã.

 

Em: A faca pelo fio: poemas reunidos, Reynaldo Valinho Alvarez, Rio de Janeiro, Imago: 1999, p.11