
As nuvens e o sol
Anastácio Luiz de Bonsucesso
Fábula
O dia era fulgente, o sol brilhava,
Em vívido esplendor;
De repente mil nuvens se aglomeram,
O sol perde o fulgor.
E as nuvens encobrem
Do sol os lindos raios,
As terras se cobrem
De turvos desmaios;
Ninguém se conduz
Nas trevas sem luz.
Do sol de seu posto
Tais coisas bem via;
Das nuvens no rosto
Com força batia;
A tanto calor
Desfez-se o vapor.
Perdidas nos ares
As nuvens passaram,
Das zonas polares
Que rumo levaram?
Não viram o sol
O novo arrebol.
MORALIDADE
Luz um talento, os tolos anuviam
Os fogos da razão;
A luta é transitória — os zoilos morrem.
O gênio brilha então.
Em: Poetas cariocas em 400 anos, ed. Frederico Trotta, Rio de Jnaeiro, Editora Vecchi: 1965, pp 157-158
Anastácio Luiz de Bonsucesso (1833-1899) Poeta carioca, fabulista, médico, jornalista, professor, teatrólogo, membro da Sociedade Propagadora das Belas Artes e da Academia Filosófica.
Obras:
Fábulas, 1854
Maroquinhas do Apito, comédia em versos
Versos de Cisnato Lúzio
Quatro Vultos, 1867,
Retrato de Auguste Strobl, 1828



