Soneto XXXVIII de Guilherme de Almeida

6 01 2020

 

 

 

Pierre Brissaud (1885-1964 - FrenchIlustração de Pierre Brissaud (França, 1885- 1964)

 

Soneto XXXVIII

 

Guilherme de Almeida

 

Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada,
e estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino.
ao longo das sarjetas, na enxurrada…

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são de papel, são como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais…
_Que meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!


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2 responses

8 01 2020
Avatar de Marilda Romani Marilda Romani

Lindo poema do Príncipe dos Poetas Brasileiros.
Meu haicai favorito é dele:
infância
Um gosto de amora comida com sol.
A vida chamava-se “Agora”.

8 01 2020
Avatar de peregrinacultural peregrinacultural

Lindo mesmo. Amo haicais!

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