Ilustração de Pierre Brissaud (França, 1885- 1964)
Soneto XXXVIII
Guilherme de Almeida
Quando a chuva cessava e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.
Fazia, de papel, toda uma armada,
e estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino.
ao longo das sarjetas, na enxurrada…
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são de papel, são como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais…
_Que meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!





Lindo poema do Príncipe dos Poetas Brasileiros.
Meu haicai favorito é dele:
infância
Um gosto de amora comida com sol.
A vida chamava-se “Agora”.
Lindo mesmo. Amo haicais!