Ilustração de Milo Winter para as Fábulas de Esopo, 1919.
O enterro da cigarra
Olegário Mariano
As formigas levavam-na… Chovia…
Era o fim… Triste outono fumarento!..
Perto, uma fonte, em suave movimento,
cantigas de água trêmula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso acento.
Era a cigarra de maior talento,
mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas…
Que tristeza nas folhas… Que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!…
Pobre cigarra! Quando te levavam,
enquanto te chorava a Natureza,
tuas irmãs e tua mãe cantavam. . .





Nossa, há quanto tempo não lia nada de Olégario Mariano !
Resumo do momento de quem parte: vida que segue 😊
Tenho a obra completa dele. Estou para doá-la. São dois volumes. Mas toda vez que abro um deles, vejo uma poesia que me lembra da infância, outra que acho interessante, mais uma escondida que chama atenção pelo momento que passo, e assim por diante. Os volumes sempre voltam para a prateleira, para mais um tempo comigo. Tenho esse relacionamento com diversos poetas que aos poucos fui colecionando as obras completas. Grandes e bem conhecidos, e outros nem tão do meu agrado. Gosto de ler poesias. São pontuais, em geral completam um pensamento e de leitura rápida. Se bem feitas, tradicionais em forma de soneto, ou em verso livre, rimando ou não, elas frequentemente abrem uma janelinha de reflexão. Mais curtas que contos, elas são muito mais precisas na mensagem. Beijinhos, Marilda, obrigada pela leitura.