Tempestade Tropical
Tiffany Blaise (Austrália, contemporânea)
óleo e cera sobre papel, 42 x 29 cm
Chuva de verão
Ladyce West
Ar denso, turvo,
Grávido de umidade
Pesa na fronte, nos ombros,
no âmago da alma.
Afoga os pulmões, martiriza o corpo,
Apoia-se no cenho, escorre da testa,
desliza nas costas,
brita nas têmporas,
vaza na nuca.
A camisa, segunda pele, adere.
Restringe, circunscreve
Movimentos, pensamentos.
O peso do mundo escorado nos ombros.
Silêncio.
Céu de chumbo.
Um lágrima grossa cai;
Duas, um choro sofrido
Raivoso, ruidoso, calamitoso.
A chuva é cortina fechada.
Estrondosa. Cortante.
Correntes d’água aprisionando
Homens, mulheres, animais,
Andantes.
Entorta árvores
Torce fios, destrói muros,
Placas, pavimentos.
Caudalosa torrente, batelada.
Os deuses despejam fúria liquida
nas ruas, casas, praças da cidade.
Montanhas se escondem
Nuvens se iluminam
Raios rompem o céu
Soam trovões enraivecidos.
Meia hora. Silêncio.
Tudo volta à norma.
Lavado. Límpido. Nítido.
Submerso em água.
Mas o suor continua
desliza sobre o corpo.
O calor abafa e sufoca.
É verão sob o trópico de Capricórnio.
©Ladyce West, Rio de Janeiro, 2019
Amei os versos. Grata!
Fico feliz. Obrigada!