Céu e água II, 1938
M.C. Escher ( Holanda, 1898-1972)
Xilogravura
XLIII
Antes do voo da ave
Antes do voo da ave,
que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal
que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece,
e assim deve ser,
O animal,
onde já não está
e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve,
o que não serve para nada.
A recordação
é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza
de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada,
e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa,
e ensina-me a passar!
Em: Poemas completos de Alberto Caeiro, Mensagem, Fernando Pessoa, Lima, Peru, Los Libros Mas Pequeños del Mundo: 2011, páginas 149-150.
Deixe um comentário