Portão de convento em Salvador – BA
Emídio Magalhães (Brasil, 1905-1990)
óleo sobre tela, 38 X 48 cm
No convento
Lucilo Antônio da Cunha Bueno (1886-1938)
Alta noite o mar batendo frio
Nas paredes do longo Monastério,
Junta ao perfil tão pálido e sombrio
A sombra ideal e vaga do Mistério.
Passa horas mortas — devagar — esguio,
Rondando a calma desse cemitério,
O olhar da Monja, desolado e frio
Como aquelas paredes do Ascetério.
Naquele paredão encanecido,
Soluça em vão o tétrico gemido
Das almas que padecem satisfeitas.
Nada penetra na Solidão, e quando
Vem o Sol o horizonte arroxeando,
Choram em coro, as ilusões desfeitas.
Em: Poetas cariocas em 400 anos, ed. Frederico Trotta, Rio de Janeiro, Editora Vecchi: 1965, p. 243.
Vocabulário:
Ascetério — lugar próprio para a meditação e para a vida ascética; convento, mosteiro.
Encanecer — envelhecer, ficar com os cabelos brancos





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