Os mortos
Ruy Espinheira Filho
Há uma luz suave em que respiram.
Não mudaram nada e fingem não ver
como sou mais moço na fotografia.
Contam histórias, sempre, mesmo quando em silêncio
(e tanto quanto se contam, contam-me também de mim).
Não mais precisam beber, só se refletem no copo
que ergo e em que bebo, por eles e por mim,
trespassado ainda dos sonhos que compunham a alma
de que se iluminava o moço nas fotografias.
Em: Sob o céu de Samarcanda: poemas, Ruy Espinheira Filho, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil e Fundação da Biblioteca Nacional: 2009, página 152.
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