Figura feminina à janela, 1918
Arthur Timótheo da Costa (Brasil, 1882-1922)
óleo sobre cartão, 49 x 70 cm
II
A flor e a andorinha
(Tsé-Tié)
Da Costa e Silva
Cortei em um ramo uma flor pequenina e rosada,
e ofertei à mulher que tem lábios finos e doces
como estas flores pequeninas e rosadas…
Roubei do seu ninho uma andorinha de asas negras,
e ofertei à mulher, cujas pestanas longas
se assemelham às asas das andorinhas.
Na manhã seguinte, a florzinha pendeu, já murcha…
e a andorinha, seguindo a alma da flor, tomou voo,
pela janela aberta sobre a montanha azul…
No entanto, nos lábios da mulher amada
abre-se a flor rosada e pequenina,
e as negras pestanas, que lhe velam os claros olhos,
não têm o ar inquieto de quem quer bater as asas…
Em: Da Costa e Silva, Poesias Completas, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985 [edição do centenário] p.312





Que bom que a mulher amada não quer bater as asas !
Um final feliz, que contraria a retórica.
😀