A flor e a andorinha, poesia de Da Costa e Silva

6 08 2017

 

 

ARTHUR TIMÓTHEO DA COSTA, óleo sobre cartão, datado de 1918, representando figura feminina na janela, medindo 49 x 70 cm.Figura feminina à janela, 1918

Arthur Timótheo da Costa (Brasil, 1882-1922)

óleo sobre cartão,  49 x 70 cm

 

 

II
A flor e a andorinha

 

(Tsé-Tié)

 

Da Costa e Silva

 

Cortei em um ramo uma flor pequenina e rosada,

e ofertei à mulher que tem lábios finos e doces

como estas flores pequeninas e rosadas…

 

Roubei do seu ninho uma andorinha de asas negras,

e ofertei à mulher, cujas pestanas longas

se assemelham às asas das andorinhas.

 

Na manhã seguinte, a florzinha pendeu, já murcha…

e a andorinha, seguindo a alma da flor, tomou voo,

pela janela aberta sobre a montanha azul…

 

No entanto, nos lábios da mulher amada

abre-se a flor rosada e pequenina,

e as negras pestanas, que lhe velam os claros olhos,

não têm o ar inquieto de quem quer bater as asas…

 

 

Em: Da Costa e Silva, Poesias Completas, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985 [edição do centenário] p.312


Ações

Information

Uma resposta

8 08 2017
Avatar de musicaefantasia musicaefantasia

Que bom que a mulher amada não quer bater as asas !

Um final feliz, que contraria a retórica.
😀

Deixe um comentário