Teia de aranha, 1684
Gao Qipei (China, 1660-1734)
Pintura a dedo, sobre o papel
Teia de aranha
Olegário Mariano
Dizem que traz felicidade a teia
De aranha. Surge um dia, malha a malha.
E a aranha infatigável que trabalha,
Mata os insetos quanto mais se alteia.
Sobe ao beiral. É um berço e balanceia
Ao vento que os filetes de oiro espalha.
E ao sol iluminado, que a amortalha,
A trama iluminada se incendeia.
Voa a primeira borboleta ebriada.
Vem louca, primavera de ansiedade,
Mas de repente, a asa despedaçada,
Rola… É o fim… A tortura da grilheta…
Maldita seja essa felicidade
Que vem da morte de uma borboleta!
Em: Toda uma vida de poesia — poesias completas, Olegário Mariano, Rio de Janeiro, José Olympio: 1957, volume 1 (1911-1931), p. 117.
[…] via Teia de aranha, poesia de Olegário Mariano — Peregrinacultural’s Weblog […]