Ilustração, Pierre Mornet (França, 1972).
“Nas coisas grandes, os homens se mostram de maneira que lhes convêm mostrar-se; nas coisas pequenas, mostraram-se como eles são.”
O mundo comemora este ano os 400 anos de morte de duas das maiores figuras das letras na cultura ocidental. Cervantes e Shakespeare são autores que revolucionaram as convenções estabelecidas para criações literárias. Suas influências são sentidas até hoje.
Cervantes e Shakespeare morreram no mesmo ano e, curiosamente, estabeleceu-se que ambos morreram também no mesmo dia. Mas isso não passa de uma convenção, de uma combinação do mundo literário. Não há dúvida de que ambos morreram no dia 23 de abril de 1616. Mas o dia 23 de abril de 1616 era em época diferente entre a Espanha e a Inglaterra. Como?
Simples: enquanto a Espanha já havia adotado o calendário gregoriano em 1616, a Inglaterra ainda usava o calendário juliano, que mostra o dia 23 de abril com 11 dias de atraso.
A Inglaterra só adotou o calendário gregoriano em 1752.
Wilson W. Rodrigues
Chuva — miçangas do céu
de um invisível colar
que na amplidão se partiu
veio na terra tombar.
Chuva — miçangas do céu
feita de pingos de luz;
cada pingo — estojo d’água
que um diamante conduz.
Chuva — miçangas do céu
do colar que se partiu;
miçanga — orvalho perdido
que no seu peito luziu.
Em: Bahia Flor – Poemas, Wilson W. Rodrigues, Rio de Janeiro, Editora Publicitan: s/d, p. 127
Nota: Na publicação original a palavra miçangas encontra-se escrita com dois esses — missangas. Ambas as formas: miçangas e missangas estão corretas. No entanto, desde a publicação deste livro [acredito que tenha sido publicado nos anos 50 do século passado] convencionou-se que a forma missanga é a correta em Portugal enquanto que a forma miçanga é a correta no Brasil. Assim, ao postar este poema troquei a grafia para corresponder à forma correta no Brasil.