Manhã, poesia de Domingos Pellegrini

19 08 2013

Casarios e  igreja, s/d

Durval Pereira ( Brasil, 1917-1984)

óleo sobre tela 50 x 65 cm

Manhã

Domingos Pellegrini

Os galos disputando a alvorada

o retorno dos pés para as sandálias

o espelho que me olha e sempre cala

a pia minha mais gentil criada

Fogão com seu milagre que não falha

armário com modéstia tão calada

perto da geladeira dedicada

a resmungar tanto quanto trabalha

O céu a me espiar pelas janelas

novidades florindo no jardim

formigas a cuidar da vida delas

Sangrando sol varrendo as amarguras

sem pesadelos nem sonhos enfim

cada manhã me pare e inaugura

Em: Gaiola aberta: 1964-2004, Domingos Pellegrini, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil: 2005


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