Nas asas das horas, poesia de Olegário Mariano

16 08 2013

SwallowsWisteriaAndorinhas na glicínia, s/d

Virgínia Lloyd-Davies (EUA, contemporânea)

aquarela, 45 x 69 cm

www.joyfulbrush.com

Nas asas das horas

Olegário Mariano

As asas das horas passam ligeiras

Como andorinhas riscando o ar…

Ruídos de penas de aves viajeiras

Que as minhas penas vêm aumentar.

Porque no vôo do tempo a vida

Passa com as horas, de braços dados.

Quanta poesia mal compreendida!

Quantos amores mal compensados!

E as horas passam levando a vida

Como andorinhas nos céus nublados.

E os rios passam levando a vida…

Tudo que corre, tudo que voa,

O vento… as águas… E, na corrida,

Quanto castelo no ar se esboroa,

Quanta esperança desiludida!

E pelos ares, angustiado

Coro de vozes longe ressoa:

“Tempo maldito! Tempo apressado!

Ventos bravios! Águas correntes!

Não corram tanto! Vão devagar!…”

E as andorinhas indiferentes

Passam ligeiras, riscando o ar…

Em: Toda uma vida de poesia: poesias completas, volume II (1932-1955), Olegário Mariano, Rio de Janeiro, José Olympio: 1957, pp: 552-553

 


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