Os lírios, poema de Henriqueta Lisboa

24 04 2012

Primavera, s/d

Adelson do Prado (Brasil, 1944)

óleo sobre tela, 72 x 72 cm

Os lírios

Henriqueta Lisboa

Certa madrugada fria

irei de cabelos soltos

ver como crescem os lírios.

Quero saber como crescem

simples e belos — perfeitos! —

ao abandono dos campos.

Antes que o sol apareça,

neblina rompe neblina

com vestes brancas, irei.

Irei no maior sigilo

para que ninguém perceba

contendo a respiração.

Sobre a terra muito fria

dobrando meus frios joelhos

farei perguntas à terra.

Depois de ouvir-lhe o segredo

deitada por entre lírios

adormecerei tranquila.

Em: Nova Lírica, Henriqueta Lisboa, Belo Horizonte, Imprensa Oficial: 1971.

Henriqueta Lisboa (MG 1901- MG 1985), poeta mineira. Escritora, ensaísta,  tradutora professora de literatura,  Com Enternecimento (1929), recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras.  Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.

Obras:

Fogo-fátuo (1925)

Enternecimento (1929)

Velário (1936)

Prisioneira da noite (1941)

O menino poeta (1943)

A face lívida (1945) — à memória de Mário de Andrade, falecido nesse ano

Flor da morte (1949)

Madrinha Lua (1952)

Azul profundo (1955);

Lírica (1958)

Montanha viva (1959)

Além da imagem (1963)

Nova Lírica ((1971)

Belo Horizonte bem querer (1972)

O alvo humano (1973)

Reverberações (1976)

Miradouro e outros poemas (1976)

Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra (1977)

Pousada do ser (1982)

Poesia Geral (1985), reunião de poemas selecionados pela autora do conjunto de toda a obra, publicada uma semana após o seu falecimento.

 


Ações

Information

2 responses

3 08 2012
thalyta amanda santos oliveira

os poemas um mais lindo que os outros eu adoro a henriqueta lisboa porque seus poemas são lindos e inspiradores

6 08 2012
peregrinacultural

também gosto muito da Henriqueta Lisboa!

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