Como funciona a nossa memória ainda é para todos nós um mistério. O assunto continua fascinando e hoje há novidades vindas dos estudos de cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles, UCLA, e do Instituto Weizmann de Ciências em Israel. Juntos eles estudam a habilidade do ser humano de guardar, resgatar e recriar memórias.
Na última edição da revista Science, os cientistas envolvidos nesta pesquisa revelaram que ao estudarem pacientes que sofrem de epilepsia, colocando eletrodos nos seus cérebros para localizarem a origem de seus ataques epiléticos antes de os submeterem a tratamento cirúrgico no Centro Médico UCLA, estes cientistas puderam simultaneamente confirmar a formação de memórias através da atividade de neurônios no cérebro.
A medida que os pacientes se submeteram à pesquisa de resgatar memórias de vídeos que haviam observado anteriormente, os sinais percebidos no cérebro pelos cientistas foram tão claros que depois de algum tempo, antes mesmo do paciente dizer de que vídeo se lembrava, os cientistas foram capazes de saber a qual vídeo o paciente iria se referir simplesmente pela localização da ignição de neurônios no cérebro.
O mais interessante do ponto de vista do estudo da neurociência, é que esses neurônios não agiam sozinhos, mas eram parte de uma cadeia, de um circuito, de centenas de milhares de células que se orquestravam para responder aos estímulos criados pelos vídeos. Isto explicaria e confirmaria a existência das memórias espontâneas, que são trazidas á superfície quando os mesmos neurônios que foram requeridos para a gravação da primeira memória, são requisitados de novo. Já se suspeitava há muito tempo que existia esta ligação entre a reativação dos neurônios no hipocampo com o resgate de uma experiência passada, ainda que não houvesse provas em definitivo. O Dr. Itzhak Fried, professor de neurocirurgia da UCLA e da Universidade de Tel Aviv explica que “o ato de reviver uma experiência passada, na nossa memória, é a ressurreição da atividade de neurônios do passado”.
Estas descobertas ajudarão em muito o nosso entendimento sobre a memória humana e principalmente sobre como ela funciona para que se possa em futuro próximo auxiliar pacientes com epilepsia e Alzheimer na reconquista da memória episódica que freqüentemente é a mais afetada e que mais rapidamente se deteriora nas pessoas com estas doenças.
Nos estudos feitos com ratos, neurocientistas já haviam detalhado células no hipocampo sensíveis ao local em que o animal se encontra. Estudos mostraram que ratos exibem uma atividade típica dos neurônios no hipocampo de tal forma previsível, que cientistas são capazes de prever o comportamento espacial de ratos colocados num labirinto. É possível que a memória humana tenha se desenvolvido de maneira semelhante.
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Este post é uma combinação do artigo publicado no wordpress abaixo e no jornal New York Times.
http://biosingularity.wordpress.com/2008/09/13/how-memories-are-made-and-recalled/
http://www.nytimes.com/2008/09/05/science/05brain.html?_r=1&partner=rssnyt&emc=rss&oref=slogin






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