Meus favoritos: Wilhelm Menzler

11 04 2023

Retrato de jovem mulher

Wilhelm Menzler (Alemanha, 1846-1926)

óleo sobre tela, 45 x 36 cm

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Nem sempre meus quadros favoritos são obras dos mais conhecidos pintores. Wilhelm Menzler é daquela geração do final do século  XIX, que teve especial abundância de pintores.  Muitas vezes, artistas mais tradicionais como ele, são deixados em segundo plano nas aulas sobre obras da época.  A reviravolta estética que trouxe impressionismo, expressionismo, pré-rafaelitas, simbolistas, e eventualmente já no século XX os fauves, cubistas, surrealistas, tende a deixar para segundo plano pintores que nada devem em técnica e estilo.

Gosto imensamente deste retrato. A jovem tem pele de porcelana, feições delicadas, olhos sérios e sedutores.  Sonhadores. A delicadeza e simplicidade de seus traços contrasta de forma sutil como o complexo bordado de seu lenço de cabeça, onde podemos ver pedrinhas, talvez miçangas acinzentadas, fazendo a borda. A riqueza desta peça de vestimenta, que aparenta ser brocado, anuncia que não se trata de uma moça camponesa, simples que amarrou um paninho para proteger os cabelos.  Ao contrário, percebemos também o rico colar de pérolas junto ao pescoço e imediatamente sabemos o cuidado com que se apresenta ao público. O veludo do colete que a veste — ah como é luxuoso este veludo! —  nos leva a imaginar a sedosa textura, que na gola alta do corpete acaricia e protege nuca e pescoço da jovem. Dos ombros saem mangas de renda cobrindo os braços.  Elas também bordadas, com fio de ouro e pequenas pérolas,  como um aceno à moda renascentista transposta para o final do século XIX. Nada nesta jovem é comum.  Próximo ao peito, na beirada do casto decote, ela guarda um delicado ramo de flor azul, provavelmente uma clematite, associada à nobreza em várias famílias europeias. Um cordão de metal, talvez de prata, aparentemente fora de prumo pelo movimento da jovem, traz um  pequeno relicário. E no entanto, todos esses sinais de riqueza podem ser facilmente esquecidos ao contemplarmos esse rosto impecável, emoldurado por fino véu que inutilmente tenta conter as pontinhas dos cachos rebeldes do cabelo dourado.





Meus favoritos: Grã-Duquesa Olga

17 11 2022

Cinerárias no peitoril da janela

Grã-Duquesa Olga (Rússia, 1882-1960)

óleo sobre tela, 33 x 41 cm

Que serenidade que esta cena me traz! Sim, eu gostaria de me sentar nesta confortável poltrona, manta no colo, livro absorvente nas mãos, tomando café (o bule é de café, os de chá são baixinhos e gordinhos), protegida do frio lá fora.  A primavera se aproxima lentamente. Mas há esperança de que esteja para chegar.  Há flores nos potes que alegram o peitoril.  O sol se faz presente, réstia clara que traz um tantinho de sombra à janela. Está alto.  Trata-se portanto de meia manhã ou cedo na tarde.  Os dias são curtos no inverno. Faz frio.  Neve congelada cobre os galhos da árvore sem folhas. Mas não há pequenos brotos de folhas nos galhos, portanto a Natureza ainda dorme neste frio de inverno.  No entanto, o pombo branco se aventura fora do ninho, na construção ao lado.  Será uma casa?  Ou um celeiro?  Estamos numa região onde o frio impera.  Há duplas vidraças na janela, para conter as rajadas de vento e as temperaturas baixas.  Ainda bem que estamos aqui dentro.  Confortáveis.  O luxo não é extravagante, comedido.  Ele se caracteriza pelo belo estofamento desta bergère, (nome dado as essas poltronas ‘com orelhas’ que guardam o rosto, de quem se senta nelas, da brisa fria ou do calor de uma lareira).  Além disso, há o serviço de café sobre a mesa.  De prata?  De banho de prata?  Ou de estanho polido?  Não importa. O cabo de madeira, assim como a carrapeta da tampa,  protegem quem serve o café do calor do líquido.  O cabo em forma decorativa nos dá ideia da época de manufatura, final do século XIX  às primeiras décadas do século XX. Todos esses são diferentes graus de luxo. A cena é europeia.  Afinal de contas onde mais encontraríamos uma cumbuca sem asa para tomar chá ou café?  Esse detalhe nos coloca na Europa Oriental: Rússia, Polônia, Ucrânia.  Não sabemos. A porcelana é fina, azul e branca, talvez alemã, (Meissen?) ou húngara?  Polonesa?   Sabemos que é de boa qualidade porque é muito fina, quase transparente nas bordas e tem excelente brilho.  Mas o que mais me encanta é a paz que esta cena me traz. A quietude  do momento. Quase escuto o arrulho do pombinho lá fora.





Meus favoritos: Ivan Nikolayevich Kramskoy

14 09 2022

Jovem com gato, 1882

[Sophia Ivanova Kramskoy]

Ivan Nikolayevich Kramskoy (Rússia, 1837-1887)

óleo sobre tela, 71 x 58 cm

 

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Ivan Kramskoy foi excelente retratista.  Uma das características de seus retratos é a habilidade de traduzir emoções diversas só através dos olhos do modelo.  Homem, mulher ou criança  são retratados com o que seus olhos refletem: interesse, descaso, incompreensão, sofrimento independentemente do resto da composição, ou seja, ele consegue dar ao espectador a essência do momento daquele personagem.  Aqui, neste retrato, gosto precisamente, do abandono dos corpos do gatinho e da jovem: um ecoa o outro, no conforto, na desatenção ao que os rodeia.  Há um tanto de desleixo, distração, displicência.  O desmazelo é refletido na franja do xale esparramada sem rumo sobre o sofá, em contraste com a severidade das cores verticais do papel de parede ao fundo e a dura almofada do recamier divã em que ela se recosta.  Vemos a jovem sonhar.  Seus olhos traem a mente: ela está longe dali, ainda que acaricie o companheiro peludo com ambas as mãos.





Meus favoritos: Peder Severin Krøyer

8 09 2022

Noite de verão, na praia de Skagen. O artista e sua esposa, 1899

Peder Severin Krøyer (Noruega-Dinamarca,1855-1909)

óleo sobre tela, 131 x 187cm

Coleção Hirschsprung, Dinamarca

 

 

A pedidos, vou começar a postar as razões de escolher algumas telas como favoritas. 


Uma das coisas que me atrai nesta tela é a penumbra. Há mínimas diferenças de azul com mais ou menos cinza ou branco por toda a superfície, que só pela maior ou menor tonalidade dão profundidade à cena. Há também o contraste eloquente mas suave do amarelo da roupa masculina. Complemento perfeito para todo o azul e branco azulado do crepúsculo que se instala nesta praia deserta.  É a sutileza da tinta que me emociona. E o silêncio adivinhado pelo espaço percebido e o silêncio sentido pela tranquilidade da água sem ondas.  Nem o cachorro  parece interessado em latir.  É um momento íntimo entre os personagens na tela e também entre os espectadores e a cena, mesmo que seja uma obra de grandes dimensões. 





Meus favoritos: Albert Herter

18 08 2022

Moça de branco

[Retrato da nora do pintor]

Albert Herter (EUA, 1871-1950)

óleo sobre tela

Coleção Particular





Meus favoritos: William Ranken

29 07 2022

Retrato de homem com cesto de margaridas,1930

William Bruce Ellis Ranken (Inglaterra, 1881-1941)

aquarela sobre papel

 





Meus favoritos: Lilian Mathilde Genth

14 06 2022

Retrato de Lulu Hawkins, 1919

Lilian Mathilde Genth (EUA, 1876-1953)

óleo sobre papel, 45 x 30 cm





Meus favoritos: Peder Mork Monsted

15 04 2022

Crianças no jardim, 1924

Peder Mork Monsted (Dinamarca, 1859-‘941)

óleo sobre tela





Meus favoritos: Ford Maddox Brown

22 02 2022

Marie Spartali, 1869

Ford Maddox Brown (Inglaterra, 1821-1893)

pastel

Coleção Particular





Meus favoritos: Blanche Augustine Camus

22 11 2021

Uma janela sobre Saint Tropez, s/d

Blanche Augustine Camus (França, 1884-1968)

óleo sobre tela