Leituras de 2022: “Oito assassinatos perfeitos”, Peter Swanson, resenha

19 09 2022

Notícias parisienses, 2021

Anna Reznikova (Chipre, contemporânea)

óleo sobre tela, 60 x 50 cm

 

Nada como um fim de semana de molho para lermos um livro de mistério,  Foi assim que comecei Oito assassinatos perfeitos, de Peter Swanson, com tradução de Thereza Christina Rocque da Motta.  A premissa, pela contracapa, me pareceu fascinante.  Abrimos a leitura com um livreiro, em Boston, trabalhando na livraria, Old Devils, habitada permanentemente por um bichano, chamado Nero.  O lugar se especializa em livros de mistério. Quanto charme nessa ambientação!  Além do mais é inverno, a neve se amontoa nas calçadas, talvez ninguém venha comprar livros.  Um dos donos, está prestes a fechar a porta, certo de que necessitava chegar em casa antes do tempo tornar a cidade caótica, quando uma agente do FBI chega querendo conversar com ele sobre uma série de crimes na Nova Inglaterra.  A agente desenvolveu uma teoria e deseja consultar Malcolm Kershaw (Mal) que conhece muito dos livros de mistério: parece que a série de crimes, que ela investiga,  possa estar ligada à literatura deste gênero.

Tudo indica que Mal, poderia ajudá-la.  Mas já no segundo capítulo, para quem está familiarizado com livros de Agatha Christie, Simenon e outros do gênero, um alerta soa e já se imagina boa parte do quebra-cabeças.  Mesmo assim, a leitura é interessante e fácil.  No desenrolar dos primeiros dez capítulos listas de livros de mistério com suas respectivas soluções aparecem.  Por que?  Porque aparentemente esses livros poderiam oferecer pistas sobre os assassinatos investigados.

 

Achei a ideia do autor sensacional.  Mas a resolução ficou aquém do esperado. A procura pelo criminoso em  série é interessante e sim, há reviravoltas, surpresas, viradas, que prendem a atenção do leitor.  Mas nos últimos dez capítulos, ou seja durante a resolução do caso, no auge do dilema vivenciado pelos leitores e principalmente nos últimos dois capítulos o leitor acaba confuso, tendo que voltar atrás para tentar compreender o que aconteceu.  Essa falta de clareza poderia ser melhor explorada, mesmo que fosse em parte o objetivo do autor confundir o leitor.  Isso leva a um desconcerto com a solução das intrigas e frustração com a leitura.  Em outras palavras:  poderia ter um final mais caprichado.

Peter Sawanson

Outro ponto que gostaria de levantar é a falta de ambientação, além do mínimo. Quando a ação acontece em  Boston, como é o caso, o leitor pode já  ter uma imagem da cidade.  Mas faltou à narrativa pequenos  detalhes que melhor caracterizariam o local.  Um monte de neve e uma livraria, não é ambientação suficiente.  Não teria sido muito trabalhoso adicionar às descrições aqueles detalhes que retratassem melhor aquela alma urbana: a aparência das casas no centro da cidade, os cheiros dos bares de Faneuil Hall, por exemplo, algo que ajudasse o leitor a imaginar por detalhes fornecidos a ele, o que é estar naquele lugar.  Ambientação com referência aos cinco sentidos é encontrada na maior parte dos livros de mistério, pelos menos nos clássicos, que muitas vezes se passam em ambientes exóticos ou desconhecidos do leitor.

Com esses senões fica difícil dar a nota máxima à essa procura por um criminoso em série. Aqui vão três de cinco estrelas. 

NOTA: este blog não está associado a qualquer editora ou livraria, não recebe livros nem incentivos para a promoção de livros.





Curiosidade Literária

19 09 2022

Menino, 1900

Felix-Joseph Barrias (França, 1822-1907)

óleo sobre tela,46 x 38 cm

 

La Fontaine, mais conhecido por nós aqui no Brasil como autor de Fábulas em verso, aos vinte e dois anos de idade ainda não tinha ideia de que profissão seguir, ou a que se dedicar na vida. Um dia, por acaso, ouviu alguns versos de Malherbe.  Teve, então, o impulso de comprar um volume poesias desse autor.  Essa decisão iria mudar o curso de sua vida.  La Fontaine ficou tão impressionado com a obra, que passou noites em claro, memorizando alguns poemas. De dia ia a um bosque perto de casa para às escondidas recitar o que decorara em voz alta.  Nascia o poeta…

 

Fonte: Disraeli