Domenico Peterlini (Itália, 1822-1891)
óleo sobre tela
Palácio Pitti, Florença
Hoje vendo notícias sobre os imigrantes haitianos lembrei-me desse ensaio de André Aciman. Enquanto morei por muitos anos fora da minha terra natal passei um bocado de tempo interessada na questão dos imigrantes e dos exilados, que, quer voluntariamente, quer aqueles obrigados a deixar suas terras natais por governos que lhes eram antagônicos, mostravam sinais de uma tristeza profunda, uma cicatriz emocional, mesmo naqueles que melhor pareciam ter-se adaptado. Muitos escreveram sobre o tema no final do século XX. André Aciman é um dos mais citados. Aqui, falando dos exilados, como ele próprio:
“Eu queria que tudo permanecesse o mesmo. Porque isso também é típico dos que perderam tudo, incluindo suas raízes ou a habilidade de criar novas raízes. Eles podem ser móveis, espalhados, nômades, sem lares, mas permanecem completamente imóveis no seu estado de agitação transitória. É exatamente porque não têm raízes que não se mexem, que se amedrontam com mudanças, que preferem construir em qualquer lugar, do que procurar por uma terra. Um exilado não é simplesmente uma pessoa sem casa; é alguém que não consegue achar outra, que não pode pensar em outra. Alguns nem sabem mais o que um lar significa. Eles reinventam o amor com o que sobrou a cada reviravolta. Algumas pessoas trazem consigo o exílio, assim como o sofrem não importa onde estejam.”
[Tradução minha]
Em: Shadow Cities, de André Aciman, Letters of Transit, reflexions on Exile, Identity, Language and Loss, diversos autores, ed. André Aciman, Nova York, 1998, p.21
O texto integral pode ser achado na WEB aqui.
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